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Vivendo no Brasil, palestino cria campanha solidária para bancar retirada da família de Gaza

O confronto na Faixa de Gaza, acirrado desde o ano passado, envolve uma série de interesses, mexe com um grande número de países, mas, ao fim do dia, são as pessoas que lá habitam as que sofrem as consequências da guerra. O médico palestino Wasim Issa  vive no Brasil há seis meses, mas busca uma forma de tirar a família da região onde os combates ocorrem. Ele criou uma campanha, na plataforma Vakinha, para bancar a passagem deles ao Egito. Em 4 dias, já foram arrecadados mais de R$ 68 mil.

O conflito na região já dura quase 200 dias e, desde então, a população de Gaza convive com fome, sede, colapso da saúde pública e o medo, em meio aos constantes ataques aéreos e explosões. A estimativa, de acordo com o Ministério da Saúde local, é de que o número de mortos ultrapasse os 40 mil. É desse cenário que Wasim pretende tirar os parentes mais próximos – e isso em nada significa que ele tenha deixado de sonhar com uma Palestina livre da guerra.

“É o lugar onde estão as pessoas que eu amo e as minhas memórias de 32 anos de vida. Deixar Gaza agora não significa que pretendo deixá-la para sempre. Apenas quero construir um futuro para minha família e meu povo e depois voltar se tiver a chance”, comenta ao Conversa do Bem, com exclusividade.

Médico palestino veio ao Brasil para se especializar

Wasim é um médico apaixonado por utilizar a profissão para ajudar a sociedade. Desde o início da carreira, nunca deixou de buscar qualificação e treinamentos. Nesse sentido, veio ao Brasil há seis meses com o intuito de cursar especialização em cirurgia ortopédica. A vinda ao país, especificamente para o Hospital de Câncer de Pernambuco, foi possível graças ao contato com o médico brasileiro Marcelo Souza, o primeiro ortopedista oncológico do mundo a entrar na Faixa de Gaza para atender pacientes locais.

O grande objetivo é retornar a Gaza após um ano e estabelecer um departamento com essa especialidade e foco em pacientes com câncer. Trata-se de um serviço que hoje não é oferecido na cidade e é dessa forma que ele pretende contribuir com seu povo, com a terra que chama com orgulho de pátria.

Casa de Wasim Issa foi destruída

Conforme relata Wasim, o confronto resultou em grande destruição na região de Khan Younis, onde ele e a família moravam. A casa virou escombros, o consultório onde trabalhava deixou de existir. Atualmente, o médico vive apenas com as economias que trouxe consigo ao Brasil.

Com um cessar-fogo distante de se tornar realidade, Wasim se diz preocupado com toda a família, especialmente a esposa e as duas filhas, de 2 e 6 anos. A meta da campanha, de R$ 160 mil, cobriria a ida das três para o Egito. Em paralelo, o palestino busca também soluções para deixar em segurança os pais e os irmãos e, futuramente, conseguir se reencontrar com os parentes mais próximos.

Em 4 dias, a campanha já recebeu mais de 480 apoios, totalizando R$ 68 mil arrecadados. Um valor ainda distante da meta, mas suficiente para deixá-lo esperançoso e, principalmente, grato aos brasileiros. “Todas as pessoas que conheci, seja no hospital, nas ruas ou em qualquer lugar do Brasil me demonstram amor e respeito. E a campanha prova isso. Eu agradeço a todos pelo apoio.”