Pela primeira vez em um hospital público brasileiro, a crioablação, técnica minimamente invasiva para tratamento de câncer de mama, foi realizada por médicos da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp). O procedimento, feito pelos professores Vanessa Sanvido e Afonso Nazário no Hospital São Paulo (HSP/HU Unifesp), utiliza nitrogênio líquido para congelar e destruir tumores mamários iniciais. A técnica, já consolidada em países como Israel, Estados Unidos e Japão, marca um avanço significativo no combate ao câncer de mama no Brasil.
Como funciona a crioablação?
A crioablação é um procedimento pouco invasivo, realizado em ambulatório, sem necessidade de internação. Com anestesia local, uma agulha é inserida na região do tumor, liberando nitrogênio líquido a -140°C, que forma uma esfera de gelo, destruindo as células cancerígenas. “A incisão é mínima, menor ou igual à de uma biópsia”, explica o professor Afonso Nazário. O processo dura cerca de 30 minutos, divididos em três ciclos de congelamento e descongelamento.
A técnica é indolor, de alta precisão e rápida recuperação, o que a torna uma alternativa promissora para pacientes com tumores menores de 2,5 cm. Além do câncer de mama, a crioablação já é usada para tratar outros tipos de câncer e problemas cardíacos, como arritmias.
Pesquisa pioneira na América Latina
O procedimento faz parte de um protocolo de pesquisa inédito na América Latina, liderado pela professora Vanessa Sanvido. A primeira fase do estudo, com 60 casos, mostrou 100% de eficácia em tumores menores de 2 cm. Agora, na fase atual, mais de 700 pacientes serão acompanhados em 15 centros de saúde de São Paulo, comparando a crioablação com a cirurgia tradicional.
“A crioablação pode revolucionar o tratamento do câncer de mama, oferecendo uma opção menos invasiva e mais acessível”, destaca Vanessa Sanvido. A técnica já foi aprovada pela Anvisa, mas ainda não está disponível no rol de procedimentos da ANS para o tratamento do câncer de mama.
Benefícios da crioablação
- Minimamente invasivo: sem necessidade de cirurgia ou internação.
- Rápida recuperação: o paciente pode retomar suas atividades em pouco tempo.
- Alta precisão: destrói apenas o tecido cancerígeno, preservando áreas saudáveis.
- Indolor: realizado com anestesia local.
Futuro promissor para o combate ao câncer de mama
A crioablação representa um avanço significativo no tratamento do câncer de mama, especialmente em estágios iniciais. Com resultados promissores e baixo risco, a técnica pode se tornar uma opção acessível para milhares de pacientes no Brasil. Enquanto aguarda a inclusão no rol da ANS, o procedimento segue em fase experimental, consolidando o país como pioneiro na adoção de tecnologias inovadoras na saúde pública.