A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) testemunhou um momento histórico quando Heloise Gripp Diniz, de 48 anos, tornou-se a primeira surda a conquistar o título de doutora em linguística no Programa de Pós-Graduação em Linguística da instituição. O feito extraordinário foi alcançado com a defesa de sua tese sobre a língua brasileira de sinais (Libras), realizada inteiramente na própria Libras.
Nascida no Rio de Janeiro, Heloise é filha de pais surdos e cresceu em um ambiente imerso na cultura surda. Sua jornada acadêmica foi marcada por obstáculos, mas ela persistiu, tornando-se um exemplo inspirador para a comunidade surda e para todos aqueles que lutam pela inclusão e pelo reconhecimento das minorias.
Em uma entrevista por e-mail à Agência Brasil, Heloise compartilhou sua experiência e destacou a importância do protagonismo das minorias na academia. Para ela, a frase “Nada sobre nós sem nós” resume a necessidade de participação e liderança das minorias na produção de conhecimento sobre si mesmas.
A trajetória de Heloise
Graduada em letras-libras e com mestrado em linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina, Heloise também é professora do Departamento de Libras da Faculdade de Letras da UFRJ. Sua pesquisa de doutorado abordou a variação fonológica das letras manuais na soletração manual em Libras, explorando as complexidades linguísticas da língua de sinais brasileira.
A tese de Heloise lança luz sobre a diversidade e riqueza linguística presentes na Libras, evidenciando as variações fonológicas nas letras manuais de acordo com a soletração manual. Ao destacar essas nuances, ela contribui significativamente para o avanço do conhecimento sobre a Libras e para o fortalecimento da comunidade surda.
Para Heloise, sua conquista não é apenas uma vitória pessoal, mas um avanço para toda a comunidade surda. Ela acredita que sua jornada representa um passo importante em direção à valorização, visibilidade e respeito pelas contribuições e perspectivas únicas dos surdos em todos os aspectos da sociedade.
