A maquiadora Thais Braz abre caixinha de perguntas no Instagram e logo surgem os primeiros pedidos de ajuda. O pai de uma menina autista que percebeu na maquiagem uma forma de deixar a filha serena. Uma pessoa com paralisia no lado direito do corpo que quer reaprender a fazer delineado. Uma mulher trans que não consegue apagar a marca da barba. Para todas elas, a criadora de conteúdo estende a mão. Já são 1,1M de seguidores no perfil voltado à maquiagem inclusiva.
Thaís, baiana de Cruz das Almas, é maquiadora profissional há 10 anos. Ela conta, em entrevista exclusiva ao Conversa do Bem, que o perfil não nasceu meramente por visão de nicho, mas sim por entender que poderia auxiliar pessoas que já buscavam ajuda a ela pelo Instagram.
“Todo o meu conteúdo sempre foi baseado nos directs que recebi e nos comentários das dúvidas que as pessoas deixavam nos posts, então ouvir a minha audiência SEMPRE foi o meu ponto de partida para todo trabalho na rede social. Até porque, quando eu entrei na internet. eu estava depressiva, logo, o que eu queria era encontrar pessoas como eu buscando levantar a autoestima através da maquiagem. Então, eu sempre tive pedidos de make pra ajudar, como terapia, como poder e como “resgate” que foi o meu caso: a maquiagem me salvou da depressão, então sempre eu fazia tutoriais que atingissem essas pessoas”, comenta.
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Tudo começou com uma caixinha de perguntas criada por ela na plataforma. Chamada de SUS da Maquiagem, a iniciativa tinha por objetivo tirar dúvidas das pessoas em relação à maquiagem inclusiva. O quadro acabou por dar voz a pessoas que precisavam desse espaço e, assim, mais gente tomou coragem de buscar conhecer o assunto.
Esse é o formato que Thaís utiliza no perfil até hoje e por lá passam toda semana pessoa, com dificuldade motora, inseguranças físicas ou parte de alguma minoria, buscando na maquiagem uma saída para ter mais autoestima. Por lá, já passaram desde homens com olheiras por trabalharem à noite, até mulheres com marcas de agressões de um ex-companheiro, passando por trabalhadoras que não têm condições de comprar produtos caros e precisam fazer muito com pouco.
“Quando falamos de inclusão nós queremos que todos se sintam parte de um todo. Seja lá qual for a questão, a maquiagem traz os recursos necessários para fazer com que qualquer pessoa tenha de volta conexão consigo mesma e com a identidade que muitas vezes é perdida com o passar do tempo na correria do dia a dia, no fim de um relacionamento, na depressão. Estar feliz consigo mesma é um trabalho diário e provavelmente não é uma base ou um batom que mudará isso do dia pra noite, mas a maquiagem ajuda no processo tanto de aceitação quanto no autocuidado, e na autoestima sendo uma possibilidade de inclusão e acessibilidade porque ela é para quem quiser”, reflete a maquiadora.
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Por fim, Thais opina sobre a evolução no mercado da maquiagem, com a disponibilização de opções mais diversas às pessoas. Na visão dela, houve nos últimos anos avanço principalmente no aumento de produtos voltados à pele preta. Porém, no que tange as pessoas com deficiência (PCDs), a maquiadora não vê da mesma forma. “Sinto falta de muitas coisas, mas, sigo esperançosa e com pensamento positivo que logo vai acontecer com nossas marcas nacionais e tenho certeza que estamos avançando. Logo, logo vai acontecer”, finaliza.
Enquanto uma maior diversidade não deixa o mundo das ideias, quem precisa de auxílio para ter a maquiagem como aliada na geração de autoestima conta com Thais. Nas caixinhas promovidas por ela, você pode ser quem quiser e merece ser.