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Mãe abre vakinha para livro que fala da adoção como encontro de almas

A adoção é um encontro de almas, dos mais bonitos que podem existir – talvez até mesmo um reencontro.  Assim como é quando uma mãe dá à luz: em ambos os casos, a conexão vem muito mais do amor do que do DNA. Muito mais da parceria para todos os momentos do que do cordão umbilical. Deixar claro como não há diferenças entre as formas de maternidade e romper com qualquer estigmatização pela qual possam sofrer crianças que passam por adoção são os objetivos do livro que a publicitária e professora Liandra Senna pretende lançar, com a ajuda de uma vakinha virtual para custear a produção. A motivação vem de dentro: essa também é a história dela, que há 12 anos adotou o pequeno Miguel.

O início do processo de adoção, conta Liandra, foi um tanto desapontador. Muitas perguntas, poucas respostas e quase nada de resolução. Assim foi durante quase três anos, até que tudo pareceu valer a pena quando o encontro com Miguel finalmente aconteceu, quando o menino tinha apenas dois meses de idade. No primeiro sorriso do menino, já ficou claro que o laço seria para toda a vida e que os dois poderiam esperar a vida toda se fosse para conhecerem um ao outro.

liandra senna adoção

Os desafios, no entanto, estavam apenas começando. O menino teve um coágulo no cérebro diagnosticado, houve desconfiança de surdez, dificuldade na visão, demora no crescimento. A vida de Liandra e do marido, Cássio, passou a se resumir em ir em médicos e buscar medicamentos, ganhando energia no elo que ia se criando pouco a pouco com um menino que já se mostrava iluminado desde então. “Ele é um guerreiro por si só. Sobreviveu a um nascimento com 1 kg, meningite, transfusão sanguínea e ao abandono. Se ele era lindo? Nadinha. Pequenininho, magrinho, olhos arregalados, mas um sorriso contagiante”, conta Liandra.

Hoje com 12 anos, Miguel se mostrou a alma gêmea da mãe. Quase como uma cópia mesmo, de tão parecido. “A gente ama dançar e cantar junto. Sempre estamos inventando duetos. O mundo das artes é o dele e eu abracei isso e comecei a fazer parte dele também”, relata Liandra, com toda a gratidão que poderia ter pelo encontro que a vida a proporcionou.

liandra senna adoção

A ideia do livro veio após Miguel, certo dia, perguntar a mãe se havia doído a barriga quando ele estava lá dentro. Uma pergunta natural de todo filho, mas delicada quando a relação nasce de uma adoção. O intuito, então, é que a publicação auxilie pais e filhos adotivos nesse momento.

“Para as famílias, quero dar uma opção de como falar da adoção, mas para aqueles que querem falar. Não acho que ninguém é obrigado a nada. Uso a minha experiência para mostrar como

pode ser feito ou para gerar outras ideias. Para a sociedade como um todo desejo que o livro traga a tona o assunto adoção como algo natural. Quero acabar com os olhares cruzados e a voz baixinha das pessoas comentando que fulano é adotado, sabe? Ninguém é adotado. A pessoa FOI adotada. Adoção é o caminho e não o fim.”

Para arcar com a produção, Liandra Senna busca R$ 25 mil. Nos primeiros dias de campanha, 17 apoiadores já garantiram os primeiros R$ 1.050. O caminho é longo e Liandra sabe. Mas ela parece entender de quanto o tempo pode ser coadjuvante das histórias.