Nos últimos dois anos, os dias de paraibana Angélica Oton, de 20 anos, pareceram todos iguais. 10 horas diárias de estudos e preparação para o vestibular. Ela não tem do que se arrepender e, de forma alguma, pareceu tempo perdido. Angélica foi aprovada em Medicina na Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Filha de pais trabalhadores – a mãe é gari e o pai vigia -, ela agora se prepara para a oportunidade de mudar a vida da família.
Angélica e sua família vivem em Boa Ventura, na Paraíba, onde enfrentaram desafios significativos para alcançar esse sonho. Mesmo com recursos limitados, ela nunca deixou de perseguir seus objetivos educacionais. Durante o ensino médio, frequentava uma escola em Itaporanga, cidade vizinha, e precisava acordar antes do amanhecer para garantir sua presença nas aulas, custeada pelos seus pais com uma taxa de transporte de R$ 150 mensais.
Após tentativas frustradas de ingressar na universidade, Angélica não desistiu. Com determinação, passou longas horas estudando, muitas vezes até 11 horas por dia, utilizando materiais didáticos doados e estratégias de estudo adaptadas às suas condições financeiras, como cursos no YouTube.
Sem condições de arcar com cursinhos preparatórios caros, Angélica confiou nos livros, apostilas e em seu esforço pessoal para se preparar para o vestibular. Sua dedicação e habilidade em absorver o conteúdo contribuíram para que alcançasse uma média de 877,55 no Sistema de Seleção Unificada (Sisu).