Quando sobe ao palco para dançar, a paulista Dayane Andres Machado nunca está sozinha. Sobem com ela todos os cadeirantes que possuem o mesmo sonho que ela, com muita dedicação, fez realidade. E Dayane tem consciência disso e, para seguir sendo esse exemplo, precisa comprar uma cadeira de rodas adaptada para a dança. Uma campanha online foi o caminho que ela encontrou para conseguir.
Natural de São Carlos, Dayane tem 35 anos e nasceu com hidrocefalia e mielomeningocele, uma condição que a impede de andar. A dança surgiu em 2013, como exercício físico, e logo se tornou paixão. “Me faz bem ver a minha superação a cada dia e ver que minhas dores diminuem toda vez que eu danço. Tenho escoliose lombar e isso me causa muitas dores nas costas. Quando estou na dança, é o momento em que eu esqueço isso”, comenta. O primeiro estilo foi a dança do ventre, mas ela já passou pelo ballet e o jazz.
Nesses 10 anos, Dayane participou de diversos festivais e peças pelo Brasil. 2023, porém, foi o ano de uma grande conquista para Dayane nessa caminhada: ela recebeu a oportunidade de interpretar um personagem no palco, na montagem de “Enrolados”, como uma das luzes flutuantes.
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A cadeira adaptada, ela explica, servirá para evitar o surgimento de novas dores, facilitar as coreografias e dar mais leveza aos movimentos. “Ela também será uma ajuda para que os outros bailarinos consigam fazer mais duetos comigo”, acrescenta. Até o momento, a campanha de Dayane arrecadou R$ 3,4 mil dos R$ 10 mil necessários para adquirir o equipamento. “Foi uma grande responsabilidade, mas também foi muito bom. Serviu para mostrar que eu posso fazer um papel secundário em qualquer peça que eu for dançar. Foi muito interessante e espero que venham outros e que eu possa mostrar essa inclusão social”, relembra.
E é exatamente esse o maior sonho de Dayane. Poderia ser dançar em cada vez mais lugares – e também é -, mas o que ela quer mesmo é se tornar agente de uma transformação social. “Quero ser reconhecida pelo meu amor pela dança e mostrar ao público a minha superação. Mostrar a todos os cadeirantes que também são capazes de estar no palco, se apresentar e competir em diversas cidades. Todo mundo é capaz de dançar, independente da sua condição.”