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Aprovada para intercâmbio em Londres faz campanha para bancar viagem: “Ser agente de mudança”

O Brasil precisa de novas lideranças que pensem na redução da desigualdade social e racial no país. A estudante Ananda Ibis Fonseca quer ser uma dessas pessoas. Graduanda de Gestão Pública, ela foi recentemente aprovada para o programa de Business School, da Bayswater College London. A experiência começará em 2026 e, desde agora, ela junta recursos para estar lá. Entre as iniciativas está uma campanha no site Vakinha.

No intercâmbio, Ananda terá a oportunidade de desenvolver um projeto voltado para a ciência de dados e conhecer empresas e iniciativas sociais localizadas em Londres, além de conhecer a sede das Nações Unidas (ONU). O objetivo, ao fim, é colocar os conhecimentos na prática, contribuindo para o cotidiano da população. O Conversa do Bem a entrevistou com exclusividade.

Conversa do Bem: Quando começa o intercâmbio e por quanto tempo ele irá durar?
Ananda Ibis: A bolsa que recebi é de 70% sobre o valor do curso, qual está sendo financiada por uma parceria da FEA|USP e a IBS americas, o programa é um curso de business school e é voltado para quem já está inserido no mercado de trabalho, pensando nisso a duração é de 30 dias com aulas durante a manhã e a tarde. Eu vou em 06/2026 e tem alguns procedimento que precisarei fazer, então quero conseguir arrecadar a maior parte até janeiro do mesmo ano, para conseguir assegurar passagens e hospedagem e um valor acessível. E sim estou correndo atrás de outras alternativas também, como vou ter tempo vou construindo essa historia com calma.

CdB: Por que você escolheu fazer Gestão Pública e de que forma esse intercâmbio vai ser importante para você?

AI: Eu acho que eu sempre quis poder fazer a diferença no mundo, mas isso foi algo distante. Por muito tempo eu precisei construir uma rede de apoio e auto-amor para ter coragem de fazer muitas coisas. Posso dizer que meu interesse por Gestão Pública começou ainda no ensino médio, em 2012, quando a única instituição que oferecia o curso em meu estado era a Fundação João Pinheiro. Foi através de voluntárias que visitavam escolas públicas menos conhecidas e com menor apoio que tive meu primeiro contato com o curso. Naquela época pensei que seria incrível ingressar no curso, mas ao mesmo tempo, duvidei da minha capacidade para conseguir a bolsa de estudos. Hoje, ao refletir sobre minha trajetória, percebo como crenças limitantes e principalmente, o racismo institucional fazem com que muitas pessoas incríveis acreditem que não são capazes de alcançar seus sonhos, é difícil acordar todos os dias com a sensação de que você precisa ser três ou quatro vezes melhor que os demais para ser reconhecido.
O objetivo é usar o conhecimento adquirido lá em Londres para implementar políticas públicas que promovam a igualdade social e econômica. Quero trabalhar em projetos que melhorem a qualidade de vida das comunidades menos favorecidas, garantindo que todos tenham acesso a oportunidades justas e equitativas, quero fazer isso baseando sempre as tomadas de decisão em evidencia, eu estou estudando e indo atrás de construir um mundo melhor para o máximo possível de pessoas. Acredito que a educação é a chave para a transformação social e estou determinada a ser uma agente de mudança em minha comunidade e além, bem mais além.

CdB: Na sua visão, qual a importância das pessoas pretas e periféricas brasileiras estarem conquistando espaços como o que você conquistou, e a partir do merecimento?

AI: Acredito muito na filosofia ubuntu – sou porque somos, logo eu entendo o processo de conquista como uma construção coletiva e essa construção só é possível quando temos referencias positivas e exemplos de conquistas possíveis. Lembro de ter colocado em minha carta de intenção sobre quanto tempo demorei para me reconhecer como uma potencia, para acreditar que eu era capaz de coisas grandes e isso se dá muito por que estamos em um sistema onde nossas potencias, e digo isso no sentido da filosofia Yoruba, elas são silenciadas desacreditadas e a verdade é que se arriscarmos, se caminharmos, se lutarmos bravamente pelo que acreditamos vamos surpreender o mundo, sendo capazes até mesmo de muda a forma como a roda gira.