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Após aprender a ler com 18 anos, homem se torna o professor negro mais jovem de Cambridge

O Reino Unido, de acordo com dados da Agência de Estatísticas da Educação Superior do país, conta com 23 mil professores universitários. Destes, apenas 155 são negros. Em 2023,  Jason Arday, somou-se à lista. Aos 37 anos e contratado para dar aula de Sociologia da Educação na Universidade de Cambridge, ele se tornou o professor negro mais jovem na universidade. E com uma história pra lá de inspiradora.

A luta de Arday teve início logo aos 3 anos de idade, quando ele foi diagnosticado com transtorno do espectro autista e atraso global do desenvolvimento. Entre outros desafios, o quadro resultou em dificuldade no aprendizado. O britânico só começou a falar aos 11 anos e, a ler, com 18.

À emissora BBC, Arday relata que, mesmo com a realidade desafiadora, sempre questionou de alguma forma o mundo em que vivia. Perguntas como o porquê de existirem moradores de rua ou de serem travadas guerras já eram feitas, por exemplo. Causou orgulho a ele, ainda, assistir à libertação de Nelson Mandela, preso durante o regime do Apartheid, na África do Sul.

Jason Arday

O cenário de homem negro e autista o enveredaria para o caminho da sala de aula. Com muita luta e o apoio da mãe e do professor universitário Sandro Sandri, Arday se formou em Educação Física e Estudos da Educação na Universidade de Surrey, no Reino Unido. Logo depois, passou a dar aula em uma escola de um bairro pobre de Londres. E foi ter convivido com essa realidade que o permitiu entender a desigualdade social que afeta, entre outros grupos, os negros residentes o país.

Foi então que, aos 22 anos, Arday decidiu cursar uma pós-graduação. Ele acabou gostando da coisa e, hoje, possui dois mestrados e um doutorado, em Estudos da Educação. Tornar-se professor de sociologia da educação na Universidade de Cambridge foi mais um desses passos que ele trata com leveza, mas são bastante profundos: de toda a instituição, apenas cinco professores são negros como Arday.

O britânico não pretende se acomodar com o posto de uma história inspiradora. Quer contribuir, de fato, com a melhoria da representação étnica no ensino superior. Ele já mostrou que desafios são com ele mesmo.