Da dificuldade, surgiu uma grande amizade e o ensinamento de que tudo pode dar certo. Após ver uma cadelinha de menos de 6 meses ser atropelada por um caminhão, a estudante Ana Laura realizou o salvamento, acompanhou o tratamento e adotou o bichinho, que teve uma improvável recuperação perfeita. Por fim, a batizou com nome bastante emblemático: Hope, a sapeca cachorrinha que é agora o xodó da casa.
Hope foi atropelada no terminal da Barra Funda, em São Paulo. Na ocasião, o caminhão passou por cima de duas patinhas, uma dianteira e outra traseira, e o motorista foi embora sem prestar socorro.
Ana Laura estava no local e foi quem gritou para avisá-lo do atropelamento – ele teria novamente passado por cima da cadelinha, não fosse o grito da jovem. “Eu vi tudo acontecer e fiquei em choque, sem conseguir respirar direito. Tentei pegar ela, mas fiquei com medo de ser mordida. Mas como ele não parava de andar, assumi o risco, qualquer coisa tomava vacina depois e peguei ela, coloquei na calçada”, conta.
Depois, Ana Laura e um grupo de pessoas contaram com a solidariedade de um motorista por aplicativo e a levaram para um hospital veterinário próximo, onde a vida de Hope foi salva e ela teve as duas patinhas atingidas amputadas. Mas ficaram os custos, algo em torno de R$ 13 mil.
A saída para a jovem, que é ainda estudante, foi criar uma vakinha para pagar o tratamento sem a necessidade de transferência de Hope para um hospital veterinário público. Rapidamente, a campanha foi ganhando corpo e já arrecadou R$ 8,5 mil. “Eu não estava com muita esperança, mas as pessoas ajudaram muito. Umas foram mandando para as outras e, no primeiro dia, já tínhamos R$ 2 mil. Fiquei muito feliz.”
Hope ficou internada uma semana e, em todos eles, recebeu a visita da nova amiga. Uma amizade, inclusive, que parecia estar fadada a acontecer. “Eu estava indo para a casa e, quando cheguei no terminal, resolvi ir ao banheiro, algo que nunca faço e procurei também uma tomada para carregar o celular. Um dia totalmente atípico. Depois, tentei um carro por aplicativo, mas estava muito caro e resolvi ir a pé. E aí tudo aconteceu.”
Após os procedimentos médicos, Hope passou a morar junto de Ana Laura. E o carinho fez mesmo muito bem: a cadelinha já brinca, corre e faz arte, como todo filhote saudável deve fazer. “E ela é muito forte. E me ensina a lidar com as adversidades. Cara, ela foi atropelada por um caminhão e está aqui correndo, entendeu? Me abriu os olhos e me deixou um pouco mais empática. Passei a admirar muito as pessoas que resgatam cachorros porque sei do trabalho e dos custos para fazer isso. Comecei a olhar para o outro, para os problemas que as outras pessoas podem ter.”
Na casa de Ana Laura, Hope terá dois irmãos de quatro patas: Frederico e Brigitte. A nova integrante da família tem nome com significado óbvio, mas tem também outro, para seguir a tendência dos nomes humanos. Ficou Hope Valentina – para combinar a esperança da humana, com a valentia da cadelinha.